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Uma análise técnica da tragédia no RS

Acontecimentos tiveram um agravante ainda maior por conta do crescimento populacional, da ocupação de áreas de riscos e infelizmente, tudo contribuiu que o impacto fosse ainda maior. Leia análise da tragédia na coluna “Clima e tempo”.

03/06/2024 às 14h18 Atualizada em 03/06/2024 às 16h54
Por: Redação
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Divulgação/ Reuters (Diego Vara)
Divulgação/ Reuters (Diego Vara)

Desde o final de abril, o Brasil assiste perplexo pela televisão às imagens das águas que destruíram o estado do Rio Grande do Sul, em um evento climático extremo. Vidas perdidas, cidades submersas, casas e comércios devastados. As inundações afetaram um total de 458 cidades, o que corresponde a mais de 90% dos municípios gaúchos, com mais de 2 milhões de pessoas impactadas. Estima-se que o volume de chuva passou de 800 milímetros em parte de 60% do estado, deixando os rios e lagos transbordados.
Acontece que o Rio Grande do Sul já vinha sido afetado por enchentes e inundações desde o ano de 2023. E nesse triste episódio de maio de 2024, superou o recorde de 4,76 metros até então registado em 1941 quando o Lago Guaíba na grande Porto Alegre, e registrou uma elevação de 5,35 metros. A água subiu rapidamente e segundo os próprios moradores, que inclusive foram entrevistados pela equipe do JORNAL A ENTREVISTA, a inundação aconteceu em questão de horas, sem ao menos dar tempo de tirar os bens próprios de dentro de casa. Uma das entrevistadas relatou que a água subiu até pelo ralo dos banheiros, dos vasos sanitários, dos bueiros e do meio-fio das ruas.
Não é exagero falar que esse episódio pode ser comparado com uma cena de guerra. Não há quem não se comova com as imagens, os vídeos e as notícias. A tragédia trouxe uma série de discussões entre ambientalistas, pesquisadores, que não hesitam em chamar de catástrofe socioambiental, emergência climática, adaptabilidade e resiliência.
Em um resumo desse episódio em específico, segundo os meteorologistas da MetSul, entrevistados pelo Jornal O Estadão, os temporais são resultados da presença de uma massa de ar frio proveniente da Argentina, que se estabeleceu sobre o Estado devido à influência de uma massa de ar seco e quente que se instalou no Centro do Brasil, essa mesma responsável pelas sucessivas ondas de calor que afetaram os estados do Sudeste e Centro-Oeste em abril e maio. Esse bloqueio impediu o avanço da frente fria e da massa de ar frio, resultando em uma intensa instabilidade e precipitação contínua no RS. A chuva ficou “estacionada” em parte sobre a Serra e os Campos de Cima da Serra, áreas onde nascem grandes rios do Estado, como o Taquari e o Caí, provocando as cheias nos leitos e por toda a sua extensão, passando por centenas de cidades até desaguar no oceano, já perto do Uruguai.
Os acontecimentos tiveram um agravante ainda maior por conta do crescimento populacional, da ocupação de áreas de riscos e infelizmente, tudo contribuiu que o impacto fosse ainda maior. 
Estima-se que muitos locais devastados não irão conseguir voltar à normalidade, bairros inteiros ficarão inabilitados, e o poder público terá que agir para construção de novas moradias em locais seguros para todos. É preciso afastar as novas moradias urbanas dos ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas e que margeiam rios. 
E por fim, que fique como um lindo exemplo a ser seguido a onda de solidariedade que o Brasil abraçou em prol dos gaúchos.

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