Você já deve ter escutado muito algumas dessas frases: “Para ir ao trabalho fica passando mal, mas se pra assistir um filme ou passear sara rapidinho;’ ‘Quando vai viajar não tem nada, mas em casa fica chorando só deitado’...’Enquanto tem tanta gente por aí passando fome, doente nos hospitais, seu problema é pequeno demais. Essa linguagem “inofensiva’’ do dia a dia pode ser extremamente prejudicial, pois está carregada de julgamentos que menosprezam problemas sérios onde a ajuda profissional se faz necessária. Chorar aparentemente sem motivo; gritar; preocupar-se demais com tudo; reagir com exagero em algumas situações corriqueiras; sentir medos “bobos” e outros sintomas podem ser um sinal de alerta. Mas afinal, tudo isso é frescura ou problema psicológico? Segundo o dicionário Aurélio, frescura é um termo popular usado para dizer que uma pessoa faz algo levada por seus desejos, por pura vontade, e não por algo extremo que realmente justifique seus atos e sentimentos. O uso do termo nos exemplos citados denota a banalização de comportamentos e sintomas que o indivíduo, de fato, não consegue controlar. Algo que não é tão importante quanto se faz parecer, que é produto das idiossincrasias de alguém e não da situação por si mesma. Ou seja, frescura é um padrão de comportamento controlado. O “fresco” gosta de atenção, de despertar sentimentos de admiração, fazer ser notado demonstrar um determinado sentimento de forma exagerada. Em contrapartida o caminho que o indivíduo percorre para desenvolver um problema psicológico é complexo, e por esse motivo dificulta o entendimento desse sofrimento. Normalmente se associa os problemas dessa ordem com a questão inata. Embora características biológicas tenham sua importância, a forma particular de reação pessoal a uma situação (quase sempre aversiva) corroboram para a formação da personalidade, reações, sentimentos, intensidade, frequência e funcionalidade do comportamento humano. Ou seja, problema psicológico traz sofrimento e não “frescor”. É necessário saber que reações iguais ou parecidas podem ter causas e consequências diferentes e assim confundir um observador menos atento. Por exemplo, uma criança esperneando no chão perante a mãe é dito que a criança é birrenta. Mas quem garante que não é uma reação adequada da criança para lidar com a mãe insensível e autoritária demais? Neste exemplo, a mesma reação poderia indicar dois comportamentos infantis distintos. Um elemento importante para análise diferencial a essas questões é a percepção do sofrimento real, sem ostentação, do desconforto e do mal-estar que ele ocasiona, tanto na pessoa que está vivendo o problema como nos outros que convivem com ela. Os seres humanos buscam atingir a felicidade e o bem-estar. Esse objetivo básico e natural é que permite a nossa sobrevivência, pois sabemos que somos seres mutáveis e que podemos superar os percalços que a vida nos apresenta. A quem não consegue ainda alcançar seus objetivos, poderá recorrer a ajuda profissional que se utiliza de métodos científicos de forma protegida e produtiva. A psicologia se propõe a análise do comportamento humano com intuito de desenvolver recursos e habilidades que, eventualmente, estão lhe faltando para enfrentar às dificuldades e chegar ao objetivo esperado. A psicoterapia é um recurso que todos podem buscar, sem constrangimento ou pré-conceito. Bons terapeutas desenvolvem a autoestima, autoconfiança, competência e responsabilidade para a independência emocional de seus pacientes.
Dra Ieda Fontes Neuropsicóloga da IFOC. Sou Neuropsicóloga, bacharel em psicologia ( UniCEUB) especialista em psicologia clínica , palestrante, escritora e responsável técnica da IFOC psicologia.
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