O episódio de calor extremo em grande parte do Brasil em meados de setembro acende o alerta sobre o futuro do clima em nosso País e no Mundo. Durante quase 1 semana, as temperaturas bateram recorde em várias capitais e cidades brasileiras, marcas que foram batidas e passadas até absolutas.
A previsão do tempo e os principais sites e institutos de pesquisas emitiram alertas com antecedência e acertaram. À época, o Instituto Nacional de Meteorologia, por exemplo, avisava sucintamente: “risco à saúde. temperatura 5ºC acima da média por período de 03 até 05 dias”. Os efeitos do calor intenso foram noticiados por toda a imprensa e levou gestores a adotarem medidas especiais.
A MetSul Meterorologia advertiu para um episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil. As marcas esperadas entre esta semana e a próxima vão superar em muitos os valores médios históricos de temperatura máxima em todas as cinco regiões do país com alto potencial de quebras de recordes para o mês de setembro.
Tudo foi acertado e cravado. Altas temperaturas, recordes atrás de recordes, calor, calor! Eram os únicos assuntos falados à época. Em São Romão (MG) foi registrado 43,5°C (maior temperatura desta onda de calor). Já a maior temperatura registrada oficialmente no Brasil foi 44,8°C em Nova Maringá (MT), em 4 e 5 de novembro de 2020.
O que há de se entender é que setembro é um mês de aumento natural de calor em todo o Brasil e temperaturas em torno dos 40°C, e pouco acima deste valor, são comuns no Centro-Oeste, no Norte, no interior do Nordeste e parte do Sudeste. Essas áreas vêm de um período de estiagem desde junho, muitas sem nenhum pingo de chuva.
O que mais chama a atenção nesse calor extremo de 2022 é a presença do fenômeno Em Niño, que tanto estudamos e aprendemos na escola. Ele já tem como característica principal o aquecimento anômalo e acima do normal de uma grande área de águas do Oceano Pacífico. Ou seja, não tem nada de anormal nessa onda de calor de setembro. Muitos criam uma conspiração, relatam alardes sem necessidade nenhuma, inventam histórias para gerar pânico na população.
Vamos aos comparativos na região Centro-Sul, estados mais afetados com o calor. Em anos de El Niño, os impactos no Brasil são bastante variados, haja vista que o território brasileiro possui dimensões continentais e, portanto, uma elevada diversidade climática. Na região Centro-Oeste, “aumento das chuvas durante o verão e elevação intensiva das temperaturas na segunda metade do ano, quando já faz muito calor”, o que de fato ocorreu. No Sudeste, “Aumento das temperaturas durante o inverno e intensificação do regime de chuvas”, também já esperado. Já no Sul, “manifestação de chuvas torrenciais, muito acima das médias históricas para a região, além da intensificação das temperaturas”. Lembram que enquanto estados do Centro-Oeste e Sudeste enfrentavam essa onda de calor, considerando o período entre 17 e 27 de setembro, a região Sul passava simultaneamente por dias intensos de tempestades? Aí estão as provas de que tudo isso é “normal” para o fenômeno El Niño, não é achismo, é pesquisa feita há anos. Fora ainda a Região Norte que sofre com a estiagem neste segundo semestre.
A ocorrência de ondas de calor, de fortes chuvas, seca severa, ganham intensidade graças aos efeitos do El Niño e também da La Niña, que é o inverso e tema para um artigo futuro. Mas não se assustem e se deixem influenciar pelo medo, por mais estranho que possa ser, o El Niño é assim mesmo. O que falta talvez é a compreensão melhor do que está por vir antes de iniciar esse fenômeno.
A partir dessa presente data, 30 de outubro, a expectativa e previsão dos especialistas é que o Super El Niño deva durar até fevereiro de 2024. Está sendo curto (desde agosto de 2023) e com maior intensidade.
E para finalizar, o Rio de Janeiro leva a fama com “Rio 40ºC”, mas no inverno quem passa mesmo dos 40ºC são nos estados do Centro-Oeste.
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